BION E SUA OBRA
Em sua autobiografia, Bion relata que descende dos Huguenotes, que, séculos atrás, tiveram origem na Cervernnes, França. Devido às perseguições religiosas, foram para a Suíça e desta para a Inglaterra. Bion nasceu em 8 de setembro de 1897 em Muttra, noroeste do continente indiano, na província de Punjab, que foi anexada à Inglaterra em 1849.
O pai de Bion, além de ter sido um engenheiro de importância, que se ocupava dos serviços de irrigação da planície do Ganges, foi Secretário do Parlamento Britânico. Desde cedo, Bion mostrou-se curioso e questionador, fazendo perguntas e mais perguntas – traço que perdurou por toda sua vida. Sua imaginação o levava a ter pontos de vista inesperados, para o espanto de seus pais.
O acontecimento marcante na vida de Bion foi quando, aos 8 anos, deixou a Índia e foi estudar na Inglaterra, onde ficou internado no colégio “Bishop`s Storford. Por volta do início do século XX, era costume das famílias com mais recursos enviar os filhos para estudar em escolas britânicas. Isso deixou uma marca indelével em sua vida. Presença marcante nas duas Grandes Guerras mundiais, Bion participou ativamente em todas as maiores batalhas de tanques da Primeira Guerra, inclusive da Batalha de Cambrai, a primeira batalha em que forças motorizadas e regimentos de tanques fizeram face um ao a outro.
Para ser morto, Bion pensava, bastaria continuar lutando. Pela sua bravura no teatro da guerra, foi chamado a Londres, e lhe foi conferida medalha militar “Military Cross” – uma importante condecoração de guerra. Foi também condecorado com a medalha D.O.S. (Distinguished Service Order), a maior condecoração do governo britânica em tempo de guerra. Em suas memórias, conta que ficou profundamente tocado por essa guerra, por tamanha carnificina em que milhões perderam suas vidas. Parece que sua autobiografia, além de outros, tem o objetivo de elaborar esse período tão trágico para ele. Após o cessar da guerra, Bion passou a estudar História Moderna. Nessa época, também nadava e participava de muitas competições, destacou-se como ótimo nadador. Paralelamente, completou seus estudos da língua francesa, de 1922 a 1923, na Universidade de Poitieres, na França. Voltando, passou a lecionar história no primeiro colégio em que estivera: o Bishop’s Storford. Era admirado por todos pelos seus conhecimentos universais. Parece que foi nessa época que tomou contato com os escritos de Freud. Em seguida, decidiu fazer medicina. Cursou medicina na University College.
Em 1932, Bion tornou-se Oficial Médico da R.A.F. e foi Oficial Médico do Departamento de Psicoterapia do “Maid Vale Hospital for Nervous Diseases”, onde travou conhecimento com John Rickman, um proeminente psicanalista da época. Bion foi um dos fundadores da Tavistock Clinic em 1933, fazendo parte de seu corpo clínico até 1948. Desejando ser psicanalista, em 1937, procurou Rickman para análise didática e se analisou com ele até 1939, quando eclodiu a Segunda Guerra Mundial.
Em 1945, após ter terminada a Guerra, procura Melanie Klein, com quem fez uma longa análise, de 1945 até 1953. Foi qualificado como psicanalista em 1947.
Casou-se pela primeira vez em 1940, tendo sua primeira esposa falecido por ocasião do nascimento de sua filha Partenope, em 1945. Partenope tornou-se psicanalista e morreu em um acidente de automóvel.
Em 1951, casou-se com Francesca, assistente social na Travistock, com quem teve dois filhos: o filho tornou-se médico e a filha, linguista na Oxford University.
BION FALECEU EM 8 DE NOVEMBRO DE 1979, NA INGLATERRA, AOS 82 ANOS.
É sempre muito interessante observarmos a intersecção entre o desenvolvimento pessoal do autor e sua obra. Acompanhamos na obra de Bion sua trajetória de desenvolvimento pessoal e científico. Bion sempre disse que escrevia sobre si mesmo. Ele sempre escreveu sobre as experiências que ele vivia e buscou cientificamente elaborar e expressar essas vivências. É muito curioso o fato de que conseguimos nos aproximar de suas teorias pelas experiências que vivenciamos, especialmente em nossas análises. Em “Transformações”, ele diz: “Se você ler este livro, você irá entendê-lo apenas quando perceber que está perfeitamente familiarizado com a experiência”.
1
O PRIMEIRO: OS GRUPOS (1943-1951)? 1979
Durante a II Guerra Mundial, foi o Oficial Médico responsável do “Military Training Wing” do Northfield Military Hospital, onde passou a dar a maior relevância ao comportamento dos grupos. Foi daí que ele tirou os subsídios para o seu trabalho: “Intra-Group Tensions in Therapy: Their Study as a Task of the Group”, publicado em 1943, no “Lancet”. Este trabalho serviu de base para “Experiências em Grupo” (1961 – 1943,1948-1951), mais importante trabalho publicado sobre a psicologia de grupos à época
2
O SEGUNDO PERÍODO: PENSAMENTO PSICÓTICO E A TEORIA SOBRE O PENSAR. (1950-1962)
De 1950 até 1959, Bion começa a publicar seus trabalhos sobre psicoses Estudos psicanalíticos revisados, os quais revelam uma influência de Melanie Klein, até a publicação, em 1962, de “A Teoria do Pensar”, importante trabalho em que ele passa a ter pensamento e contribuições próprias.
3
TERCEIRO PERÍODO: EPISTEMOLÓGICO
- O Aprender com a Experiência (1962)
- Elementos de Psicanálise (1963)
- Parte do livro Transformações: do aprendizado ao crescimento (1965)
4
QUARTO PERÍODO: O ONTOLÓGICO (1965-1979)
- Transformações: Do Aprendizado ao Crescimento (1965)
- Atenção e Interpretação (1970)
- Memória, Desejo e Compreensão (1967, 1970)
- Pensamentos Selvagens (1977)
- Clinical Seminars and Four Papers (1975-1979)